Acompanhadamente Só

Ele era estranho. Com certeza. Todos já haviam até desistido de cumprimentá-lo, pois sem a resposta vinda dele, se criava um silêncio constrangedor que faria até o mais bem humorado dos seres perder toda a sua alegria. E os olhos, olhos que pareciam penetrar na mente das pessoas só de serem encarados de relance. Ele era medonho. Por muitas vezes ficava durante horas sentado escrevendo loucamente em seu caderno, parecia que suas mãos estavam epilépticas e que o atrito entre o grafite e o papel fariam um incêndio incontrolável.
Ele era diferente. Muitos tentaram proximidade, ele apenas olhava com desdém e seguia andando. E era extremamente inteligente. Mas mesmo assim, não deixava que ninguém usufruísse dela.
Era útil e inútil, e ninguém sabia porque ele era assim. Dizem que, antes de chegar aqui, ele já havia sido um garoto muito feliz, muito descontraído, mas de tanto se decepcionar, de tanto ver que nada e ninguém vale a pena senão ele, ele se fechou. Criou uma redoma intransponível e fez com que todos se sentissem sempre inferiores a ele. Ele era superior, ele era único, ele era dele mesmo.
Pra que viver com os outros se sempre iria se machucar? Ele faria tudo da forma que quisesse, e jamais se sentiria mal. E também não se sentia só. Ele tinha a ele mesmo e ao mundo que ele criou. Aos olhos dos outros, um puro mundo de ilusão.
Para ele, a única forma de se manter em paz.
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