em linhas turvas

Nas tuas mãos eu entreguei o meu diário

O meu roteiro, planejou meu calendário

Ditou a vida que viria pela frente

Que isso seria o melhor, eu estava crente


Você me errou quando eu não me via certo

E por sua causa eu não me tive completo

Por muito tempo acreditei nas tuas linhas

E rendi todos os meus dias à tua tirania


Eu que fui tantos, nunca soube quem eu era

Fora dos palcos meus pedaços não se juntam

Eu machuquei minhas verdades mais secretas

Por sucumbir a uma vontade que era sua


Fechei meus olhos pra ser guiado por espinhos

E quando abri eu só me enxerguei sozinho 

Na marra eu vi que, ou me amava, ou já era

Ou sigo em frente ou me devora essa quimera


Que são só minhas as vitórias e os acertos

E que seus dedos apontavam só seus próprios medos

Refletidos e estampados sobre a minha pele

Mas que não me cabem e por isso, não mais me ferem

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